sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

:::::: PARA TI ::::::

_______________________________________________________________________________________

Foi para ti,
que desfolhei a chuva,
para ti soltei o perfume da terra,
Toquei  no nada,
e para ti foi tudo.

Para ti criei todas as palavras,
e todas me faltaram,
no minuto em que falhei,
o sabor do sempre.

Para ti dei voz,
ás minhas mãos,
abri os gomos do tempo,
assaltei o mundo,
e pensei que tudo estava em  nós,
nesse doce engano,
de tudo sermos donos,
simplesmente porque era noite,
e não dormíamos,
eu desci no teu peito,
para me procurar,
e antes que a escuridão,
nos cingisse a cintura,
ficávamos nos olhos,
vivendo de um só,
amando de uma só vida.

         " MIA   COUTO "

»»»»» Não digas ao que vens «««««

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Não digas ao que vens. Deixa-me
adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. É longe a tua casa?
Dou-te a minha: leio nos teus olhos o

cansaço do dia que te venceu;
e, no teu rosto, as sombras
conta-me o resto da viagem.

Anda, vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo -- é um
destino sem dor e sem memória.

Tem sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja -- morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me
digas quem és nem ao que vens.
Decido eu.

 "  Maria do Rosário Pereira  "

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

***** Não, ´não é Cansaço *****

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Não , não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão,
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo ás avessas,
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo,
E também o mundo,
Como tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra,
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais,

  Álvaro de Campos
Heterónimo de Fernando Pessoa

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

******* HORAS RUBRAS *******

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Horas profundas, lentas e caladas,
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata pelas estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve branca e misteriosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu poeta, o beijo que procuras!

        FLORBELA   ESPANCA

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Casa Museu Miguel Torga

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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

««« Memórias de um tempo »»»

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Lembranças das memórias de um tempo,
Anseios em mim, tornados ilusões,
E desilusões...
Caminhos da minha meninice,
De saudades sentidas;
Ruelas tortuosas de momentos,
Menos felizes;
Do querer ter e não ter,
Da frustração
Da desigualdade do mundo;
Silvas das amoras do meu prazer, e do meu viver;
Era um tempo em que o céu, por vezes, na carência nublava;
As distâncias que achávamos longas ,são  hoje, tão curtas;
As bolas de trapo, com que jogávamos futebol;
As brincadeiras inocentes, que nossas almas infantis desfrutavam;
Eram tempos de um tempo difícil;
Mas feliz;
Os gestos, as palavras, o carinho de mãe tudo superava;
Até o sol tinha mais brilho naquele tempo;
Era a felicidade de nada ter, e tudo ter
AMOR.

     José Carlos Moutinho

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Chet Baker & Bill Evans, The Complete Legendary Sessions

http://www.youtube.com/v/73oSZ_6PE_Y?version=3&autohide=1&feature=share&autohide=1&showinfo=1&attribution_tag=BQHADHIA5k6_vjPhy5Ut4Q&autoplay=1

sábado, 26 de outubro de 2013

****** Lembranças ******

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Saudades...
De alguém que partiu...
Saudades...
Partiu e deixou o lugar vazio,
Saudade... partiu... e  de esse amor que nos uniu,
--- Lembranças dos momentos que tivemos,
Partilhas de dias felizes, do primeiro arrufo...
da dor que ficou! sem saber da razão, mas tudo passou!
---------- Veio o nascimento do primeiro filho,
Alegrias partilhadas!
E a vida foi passando,
Os filhos cresceram, organizava-se belos piqueniques há beira rio.
belas paisagens que nos rodeava, e as crianças brincavam ...
livremente, pelas extensas anharas a perder de vista,
O regresso...  tudo cansado e feliz, um domingo bem passado!
E--- Vem a saudade, a noite descendo...as lembranças ...
o barulho dos animais pela anhara fora, uns a mitigar a sede, outros...
os predadores... a fome, !
É um fervilhar de sons que nos deixa arrepiados, o rugido do leão, o grito da hiena...
Não era apenas a beleza selvagem da paisagem. É beleza de tudo aquilo que nos marcou!!!


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

»»»»» PARA TI «««««

_________________________________________________________________________________________
 Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre.

Para ti dei voz
ás minhas mãos
abri os gomos da tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida.

    MIA  COUTO

sábado, 12 de outubro de 2013

"" José C. Moutinho *** Doces Lembranças ""

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Ainda há a inquietude dos sentimentos,
instantes vividos com paixão,
que o tempo vai apagando,
mas que a memória teima em perpetuar,
o vento era testemunha dos segredos,
repartidos entre nós
e que ele mesmo espalhava por aí,
dizendo a todos, os que encontrava.
que havia gente apaixonada,
e os encantos da vida, estavam patentes,
nas cores dos dias, mais vibrantes
e nos cheiros das flores, essências raras
da felicidade da juventude,
lembras-te, como era bom...
Ficarmos de mãos dadas,
falando coisas sem sentido,
mas que faziam sentirmo-nos bem,
nada nos importava em nosso redor,
que não fosse o som das badaladas,
do nosso tempo...
Dos rocks, dos twists, até dos slows,
estar na praia, como no paraíso,
bronzearmo-nos com o sol radiante,
rolarmos na areia dourada, quente,
que tempos...



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

»»» Poema «««

»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»

 Lembrava-se dele e, por amor, ainda que pensasse em  serpente, diria apenas arabesco;
e esconderia na saia a mordedura quente, a ferida, a marca de todos os enganos, faria quase tudo.
__________ Por amor:   daria o sono e o sangue, a casa e a alegria, e guardaria  calados os fantasmas
do medo, que são os donos das maiores verdades.  Já da outra vez mentira.
______... E por amor haveria de sentar-se á mesa dele e negar que o amava, porque amá-lo era
um engano ainda maior do que mentir-lhe.  E, por amor punha-se a desenhar o tempo como uma
linda tonta, ... sempre a cair da  folha, a prolongar o desencontro.
__ E fazia estrelas, ainda que pensasse em cruzes, arabescos, ainda que só se lembra-se
     de serpentes.


         " Maria do Rosário Pereira "

sábado, 28 de setembro de 2013

***** RETALHOS *****

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    "   OUTONO  "

Hoje o dia está calmo e sereno**
Não há vento, não  há chuva**
Mas a cor é cinzento**
Estamos no Outono...!
É o tempo em que as folhas caiem...
Que se transformam na cor de carmim !
É a cor do Outono!
Se repete sempre assim...

    "  SONHO "

Ele caminhava encantador...
Por essa estrada fora,*
quantas vezes...! muito tentador!
E... como tentava...!com tais palavras,*
E com tamanho saber...
Que sem nos aperceber,
Já íamos na mesma estrada...!


             "   FOGO "

Água eu queria ser,
A luz... e tua alma... minha!
Com  o teu doce fogo do amor*
Eu apagaria a sede...!
Com essa torrente de água cristalina;

    "   RUTE   ROSA   "






         

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Giovanni Marradi (lista de reprodução) Um encanto de músicas !


^^^^ SAUDADE ^^^^

Por que sinto falta de você ? Por que esta saudade ?**
Eu não te vejo mas imagino suas expressões,**
sua voz tem cheiro.**
Sua amizade me faz sonhar com carinho,**
Um caminhar, á luz da lua, á beira mar.**
Saudade este sentimento de vazio que me tira o sono;**
me fazendo sentir num triste abandono,
é amizade eu sei, será amor talvez...**
Só não quero perder sua amizade, esta amizade...**
Que me fortalece me enobrece por ter você.


      ** Machado de Assis **

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

»»»»» TEMPOS PASSADOS «««««

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Eveline estava pensativa...
___ Lembrando tempos passados, há muito;
Sim... ! porque já vai longe a mocidade,
Mas sempre fica a nostalgia apreensiva...
Das coisas que poderia ter feito... e não fez...
Sonhadora ! como todas as jovens;
                     ~~~~~~~~~~~~~~~~
___ Remeteu-se ao silêncio como obviamente o fez...
A Bárbara vai estar ocupada toda a manhã...
Ouviu, uma voz atrás dela dizer;
Eveline abriu a boca para responder, mas era a irmã !
Nisto aparece Vicente, devagar sem se aperceber,
Aproximou-se com lentidão...afagou-lhe com o polegar levemente,
o lábio inferior...
Num ato reflexo ela empurrou-lhe o peito ,surpreendente ?
Numa tentativa de o afastar, mas não se moveu...
__ Não...__ sussurrou-lhe__ Não se afaste...
__Abra-se para mim__ amor meu...
Do meu jeito...!
Eveline debatia-se, mas os braços trémulos não lhe obedeciam.
__ Descontraia... ouvi-o dizer, num murmúrio acariciante,
Os seus olhos abriram-se de espanto,
Arquejou! parando de lutar; quase em pranto!
... Vicente ficou de pé, olhando-a devagar...
Olhando profundamente ! aqueles olhos e aquela boca que ia beijar...!

Kenny Burrell Midnight blue (lista de reprodução)


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

»»»» MOCIDADE ««««

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       A mocidade esplêndida, vibrante,**
       Ardente, extraordinária, audaciosa,**
       Que vê num cardo a folha de uma rosa,**
      Na gota de água o brilho dum diamante;

     Essa que fez de mim Judeu Errante **
     Do espírito,  a torrente caudalosa,**
     Dos vendavais irmã tempestuosa,**
     __Trago-a em mim vermelha, triunfante!**

     No meu sangue rubis correm dispersos:
     __Chamas subindo ao alto nos meus versos,**
     Papoilas nos meus lábios a florir!

     Ama-me  doida, estonteadoramente, **
     Ó meu Amor! que o coração da gente**
     É tão pequeno... e a vida, água a fugir...

 »    FLORBELA   ESPANCA  «
    

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

~~~~ O Mar ~~~~

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Há... encontrei uma conchinha que não sabia falar...
Mas encostando ao ouvido ouve-se as ondas do Mar !
E elas tanto teriam que contar !
O Mar...
Essa imensidão que tem Porto em todo lugar...
Muito teria que falar !!!
Mar... ! imenso de tantas Naus a navegar, tantas terras a encontrar, tantas raças para compartilhar !
Suas ilhas um paraíso por esse mundo fora, que nos faz sonhar !
Mar... que desliza pelo rosto açoitado pelo vento; Sonhos e desejos;
Transporta-nos a outro mundo excitante;
Em que as ondas desfazem-se na areia,
Acaricia meus pés, que me delicia,
E me deito perdida no subconsciente;


    Rute Rosa

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

****** Vens Com a Noite ******

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Vens com a noite,**
Discreta, suave e misteriosa,**
Trazes o luar nos teus olhos ; **
O teu beijo, como pétala delicada **
Roça meus lábios, docemente ; **
Aconchegas-te no meu peito,**
E ficamos em devaneio, abraçados ; **
Gozamos cada minuto,**
De todo o nosso tempo,**
E esse tempo leva-nos a sonhar ; **
Embalados por Morfeu, **
Viajamos por vales da serenidade, **
Subimos as montanhas da felicidade, **
Transpomos montes de ilusões,**
Navegamos por rios de emoções,**
Voamos pelos céus das paixões, **
E nossos desejos tornam-se realidade ; **
É o amor na sua força encantada, **
Que nos leva a um sossego , **
Inconsciente do prazer. ******

José Carlos M.

Mix do YouTube (lista de reprodução)


sábado, 31 de agosto de 2013

^^ Cartas ^^

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Tenho o poder necessário para o deter**
      André abre as gavetas **
Atira as minhas cartas para o caixote,
         Poderia distrai-lo**
Ele não sabe o que faz, sei que não vai ler...
Eu poderia enrolar-me á volta do seu corpo,
___ Murmurar ao seu ouvido:
___André, querido, não faças isso.
      Mas já sei o que acontece,
          quando lhe toco.
    Pensará que é um sonho**
             Acorda,
As mãos a agarrar a almofada,
e eu debaixo daquelas mãos **
        Recordo o seu polegar,
        Contra meus lábios, **
A sua mão pousada por baixo do meu umbigo **
___ Ele sabe que há qualquer coisa,*
            que não está bem.
O ar não deveria parecer tão vivo,
__ como a mulher cuja carne ele conhecia,
melhor que sua própria carne,**
Por vezes ___ eu conheço o meu André,**
__Por vezes pergunta-se se está a ficar louco, **
_______ Tenho o poder para o parar,**
                      mas não faço.**
Não devo interferir ,**
As cartas são dele, pode destruí-las.**

Rute rosa







quinta-feira, 29 de agosto de 2013

**** Cantar de Amigo ****

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    Á beira do rio fui dançar... Dançando**
  Me estava entretendo,
  Muito a sós comigo,
  Quando na outra margem, como se escondendo,
  Para que eu não visse que me estava olhando,
  Por entre os salgueiros vi meu amigo.

Vi o meu amigo cujos olhos tristes,
Certo se alegravam,
De me ver dançar,
Fui largando as roupas que me embaraçavam,
Fui soltando as tranças... Olhos que me viste,
Doces olhos tristes, não no ireis contar !
Que o amor é lume bem eu sei... que logo
Que vi meu amigo
Por entre os salgueiros,
Melhor eu dançava, já não só comigo,
Toda num quebranto, ao mesmo tempo em fogo,
Melhor eu movia mãos e pés ligeiros.

Que Deus me perdoe, que aos teus olhos tristes,
Assim ofertava
Minha formosura !
Se não fora o rio que nos separava,
Cruel com nós ambos, olhos que me viste,
Nem eu me mostrava tão de mim segura.

    ** José  Régio **

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

GAVETAS DA MINHA MEMÒRIA*****

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Abro as gavetas da minha memória, retiro papeis velhos amarelecidos, revejo livros ressequidos e debotados pelo tempo, corroídos na voragem dos dias, amontoados em anos de emoções,
de muitas ilusões, outras  desilusões, formando uma manta de retalhos de sentimentos,  que agora,
são relembrados  neste abrir de gavetas,
pelos sóis que não abriram, ou pelos luares que escureceram, ou talvez pelas ondas que deixaram
de me murmurar, palavras de paixão, nas areias da minha solidão, naquela praia imensa de um mar
infinito, que me fazia navegar em pensamentos,  sob um azul cintilante de imaginadas quimeras;
Mas o tempo, cruel, foi apagando essas lembranças e agora, aqui, com a saudade na alma,
embrenhado nestes papeis velhos, esbatidos e amarrotados, vivo os instantes que o universo me
concede, na esperança que os sóis voltem a brilhar e os luares me enfeiticem,
no prateado da sua luz mística.

 " José Carlos Moutinho "
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

**** TARDE NO MAR ****

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A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cato purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Poisa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá seque o seu destino !
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino !

Que linda tarde aberta sobre o mar !
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizante...

FLORBELA  ESPANCA

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Amália Rodrigues - Ai esta pena de mim


De«« Florbela Espanca «« Esquecimento ««

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Esse de quem eu era e que era meu,
Que foi um sonho e foi  realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.

Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade !
Ceguei... tateio sombras... Que ansiedade !
Apalpo cinzas porque tudo ardeu !

Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...

E desse que era meu já não me lembro...
Ah, a doce agonia de esquecer,
A lembrar doidamente o que esquecemos !...

Lista sem título (lista de reprodução)


sábado, 10 de agosto de 2013

" Contos " de Miguel Torga*** O Vinho *** Apenas um Resumo--- Todo era muito extenço***

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Era no Agosto, à tardinha.  O Abel descia aos bordos pelos montes da Borralheda  abaixo, a falar sozinho:
__ Sempre vais muito bêbado, Abel ! ora
Muito bêbado vais tu ! Metes-te nele,
Agora pareces um milhafre a peneirar. E o pior é o resto: « Olha em que estado vem este excomungado ! Dinheiro para encher os cornos de vinho, que não falte »
Dois quartilhos. Olha a grande coisa !...Parou. Encostou-se e abriu a braguilha.
--- Estás a mijar, Abel ! começou a cantar.
Riu-se fechou a braguilha: pôs-se a dançar. Mas deu duas voltas e estatelou-se , vais bêbado !
Tentou levantar-se. Essa agora _ É o vinho.! É o ladrão do vinho.
__Então que raio de coragem é essa, camarada.
__ Upa ! Arriba, burro velho. Estavas quase em pé mas não susteve e caiu.__ Já viste, Abel ?
Já viste a lua ? Que grande lua ! E corada ! Até parece que também lhe cascou...
Apesar das boas palavras, o corpo não foi mais além .
__ Mau temos o caldo entornado !
__ Vá lá uma cigarrada, do bolso do colete uma firisca, acendeu-a lançou o fósforo ainda a arder.
O fosforo que atirara pegou fogo, a brisa ligeira avivou a chama e pô-la a caminho
__Vês ? vês o que fizeste ?
__ Ó Abel ! Ó meu badana ! Levanta-te ! Reage, alma do diabo ! O incêndio, tocado pelo vento crescia ! Passou um coelho espavorido...
__Viste um coelho ? ! Aquilo é que levava pressa ! Ia com o rabo quente ! ...
__ Pôs-se em pé.  Esteve assim uns segundos . O mar vermelho submergiu-o deslumbrado, caio redondo no chão , um sono fundo e pesado, refilou ainda.
__ Ao que chega um homem !
__ Que se lixe ! É por ti desgraçado ...

              

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Poema de " Mia Couto " Amor, Meu amor "

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+++++++++++++++++++++++++++++
Nosso amor é impuro,,
como impura é a luz e a água,,
e vive além do tempo.

Minhas pernas são água,,
as tuas são luz,,
e dão a volta ao universo,,
quando se enlaçam,,
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar,,
depois de te abraçar para não sofrer.

E toco-te,,
para deixar de ter corpo,,
e o meu corpo nasce,,
quando se estingue o teu,,

E respiro em ti,,
para me sufocar,,
e espreito em tua claridade,,
para me cegar,,
meu sol vertido em lua,,
minha noite alvorecida.

Tu me bebes,,
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,,
meus dentes beijam,,
minha pele te veste,,
e ficas ainda mais despida.

Pudesse eu ser tu,,
E em tua saudade ser minha própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito,,
Quando apenas queria dormir em ti.

E levito, voo de semente,,
para em mim mesmo te plantar,,
menos que flor: simples perfume,,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.

Teus olhos inundando os meus,,
e a minha vida, já sem leito,,
vai galgando margens ,,
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

****** Poema de Miguel Torga *****

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Que renda fez a tarde no jardim,
Que há cerdos que parecem de enxoval?
Como é difícil ver o natura !
Quando a hora não quer !
Ah ! não digas que não ao que os teus olhos,
Colham nos dias de irrealidade,
Tudo então é verdade,
Toda a rama aparece,
Num tecido que tece,
A eternidade. !

quinta-feira, 11 de julho de 2013

***** O BEIJO ****



Devo ter ligado logo a seguir.-- Presumiu que ele fizera a chamada para se despedir, mas porque razão se encontrava ali? -- Tenho consciência de que fiz aquilo que achei correto-- proferiu Mário desviando a cadeira para o lado. As pessoas moviam-se á volta deles, mas não davam pela sua presença. Ficaram de olhos colados um no outro.                                  Isabel estava pálida, como se não dormisse há várias dias.----Mereces melhor do que isto.
 
--Sei que é isso que pensas -- respondeu Isabel, sentindo um aperto no coração. quantas vezes tinha que dizer a mesma coisa ?-- Não há mais nada a fazer, pelo menos para mim.
Já perdi o Tó. Perdi-te a ti. Nada mais tenho a perder, a não ser a Sofia.
Acho que não devias fugir do amor. É um bem demasiado raro e precioso. Mas é o que estás a fazer -- ( ele é que iria dizer o que queria fazer).
---Quero algo melhor para ti. Quero que tenhas uma vida a sério com um tipo que possa andar a correr atrás de ti pelo quarto e que possa dançar na passagem do ano.
---Quero muito mais do que isso. Quero alguém que ame e que me ame, e que possa rir o resto da vida.--- Sem dizer palavra, Mário puxou-a para seu colo e, envolvendo-a nos braços, beijo-a na boca com ardor.

 



****Fernando Pessoa ****


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Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que
a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos
de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
E atravessar desertos fora de si, mas capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
E agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não! É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho guardo todas, um dia vou construir um castelo!

domingo, 7 de julho de 2013

**** Florbela Espanca**** Se tu viesses ver-me****

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Se tu viesses ver-me hoje á tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avezinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembro: esse sabor que tinha,
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo,
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

**De Almeida Garrett**** A DÈLIA***

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Cuidas tu que a rosa chora,
Que é tamanha a sua dor,
Quando já passava a aurora,
O sol, ardente de amor,
Com seus beijos a devora?
--Feche vestígio pudor
O que ainda é botão agora
E amanhã há-de ser flor;
Mas ela é rosa nesta hora,
Rosa no aroma e na cor.

Para amanhã o prazer
Deixe o que amanhã viver
Hoje, Délia, é a nossa vida?
Amanhã... o que Há-de ser?
A hora de amor perdida
Quem sabe se  há-de   volver?
Não desperdices querida,
A duvidar e a sofrer
Quando o não gasta o prazer.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

*** Quem Ama Não Vive ***

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Já na minha alma se apagam,
As alegrias que eu tive;
Só quem ama tem tristezas,
Mas quem não ama não vive.

Andam pétalas e folhas,
Bailando no ar sombrio;
E as lágrimas, dos meus olhos,
vão correndo ao desafio.

Em tudo vejo saudade!
A terra parece morta.
--Ó vento que tu levas,
Não venhas á minha porta!

E as minhas rosas vermelhas,
As rosas do meu jardim,
Parecem, assim caídas,
Restos de um grande festim!

Meu coração desgraçado,
Bebe ainda mais licor!
--Que importa morrer amando,
Que importa morrer d´amor.

E vem ouvir bem amado
Senhor que que eu nunca mais vi:
--Morro mas levo comigo
Alguma coisa de ti

ANTÒNIO BOTTO, in " Canções "

segunda-feira, 24 de junho de 2013

DE MIA COUTO ***** A DEMORA ****

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O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é o tempo que eu te espero.

Espero-te antes de haver vida
e és tu que faz nascer os dias.

Quando chegas
já não sou senão saudade
e as flores
tombam-me nos braços
para dar cor ao chão em que ergues.

Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta água  no lábio
para aplacar a tua sede.

Envelhecida a palavra,
tomo a lua por minha boca
e a noite, já sem voz
se vai despindo de ti.

O teu vestido tomba
e é uma nuvem.
O teu corpo se deita no meu,
um rio se vai aguardando até ser mar.

domingo, 23 de junho de 2013

*** De Joaquim Pessoa***** O Amor é o Elixir da Juventude ***



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O amor é uma casa. Erguida com beijos, com versos da noite e o gemido das estrelas.
Casa cujas paredes vestem o nosso júbilo, a nossa intuição a nossa vontade, sobretudo
o nosso instinto e a nossa sabedoria.
Onde se acende e brilha a luz suplicante da pele comprometida dos amantes.
O amor é um gigantesco pequeno mistério, uma estranha generosidade que faz com que, quanto
mais damos, com mais ficamos para dar,
Só o amor é o elixir da juventude.                

sábado, 22 de junho de 2013

Do Poeta Miguel Torga ********** Bilhete ***

Nada me dês nem peças.
E não meças
O que podia dar e receber.
Fecha a própria riqueza do teu ser.

Um de nós era a mais
Á lírica janela...
Olharam-se os zangais,
Mas não ouve novela.

A vida assim o quis,
A vida sem amor.
Não regues a raiz
Do que não teve flor.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

De Joaquim Pessoa****** Abraça-me ****

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Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos.
Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi
colhida na placidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor
que tem a carne incandescente das estrelas.
Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti me possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido
da vida.
Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade,
essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram.
Abraça-me. Quero morrer em ti em mim, espantado de amor.
Dá-me a beber, antes a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferece-la aos astros
pequeninos.
Só essa fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que delem
fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.
Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais. Uma vez que nem sei se tu existes.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

****Devaneios ****

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Pego em três pedaços de vento, com um pouco de chuva, umas nuvens cinzentas,
caindo num chão vermelho... e aí temos uma tempestade tropical !...
Mas passa depressa, tal como veio... num repente vem um sol brilhante!
Beija o chão vermelho...! Um cheiro inebriante a terra molhada !
À como sinto saudades dessas pequenas tempestades !
Sob esse sol belo, brota da terra, todo um colorido de flores belas...
Assim são os amores tropicais... Espontâneos, avassaladores, fortes, incomensuráveis,
explodindo de paixões, há beijos, abraços, palavras promessa se fim...


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Poema de Amor para uso tópico*****************

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Quero-te, como se fosses a presa indiferente, a mais obscura dos amantes.
Quero o teu rosto de brancos cansaços, as tuas mãos que hesitam, cada uma das palavras que sem
querer me deste. Quero que me lembres e esqueças como eu te lembro e esqueço: num fundo a preto
e branco, despida como a neve matinal se despe da noite, fria luminosa,
voz incerta da rosa.

     "  NUNO JÙDICE "

domingo, 26 de maio de 2013

** De Rosa Lobato Faria **+** E de Novo a Armadilha dos Braços **

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E de novo a armadilha dos braços,
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços,
a pele alucinada das carícias.
As preces, os segredos, as risadas,
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo nas madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

** Quem Sabe = de = Clara Maria Barata**

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     Quem sabe***
     um dia te direi
     que és flor única
     no meu jardim de cardos.

   Que por ti
   me desnudo sem pudor
me desfaço
me amanheço
e anoiteço

Que corro descalça
ao teu encontro
abraço a tua sombra
sonhando abraçar-me a ti.

Quem sabe
Um dia te direi
que beijo a tua boca
sem lhe conhecer o sabor
que percorro o teu corpo
desconhecendo os seus caminhos
que sinto o perfume
do amor que não fizemos.
Quem sabe um dia
te escrevo uma carta
com a palavra AMOR ?


  

terça-feira, 21 de maio de 2013

** O Silêncio ** Eugénio de Andrade **

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Quando a ternura,**
Parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,**
quando azuis irrompem,
os teus olhos,

e procuram  nos meus
navegação segura,
é que eu te falo das palavras,
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

TEMPO do MEU TEMPO***** Poema de José Carlos Moutinho **+

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Mergulho nas minhas saudades,**
Recuo no tempo**
Bebo da fonte das minhas memórias,**
Revejo momentos inesquecíveis**
Na tela do meu tempo; rebelde**
Tudo em meu redor sorria**
Era um tempo em que havia tempo**
Para amar, para viver,**
Na ânsia do advir**
Eram quimeras, sonhos sonhados**
Irracionais de paixões
Era um tempo de loucura
Viver cada dia,**
Como do último se tratasse.
O atrevimento do primeiro beijo
Furtivo, arrojado
Tempo do primeiro amor
Da inocência aliada á ilusão
De tudo saber.**
Era o despertar para a vida,~
Sofrida...
Ou não !

quarta-feira, 15 de maio de 2013

*** Cantiga ***

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Na fonte está Leonor**
lavando a talha e chorando,**
ás amigas perguntando:**
viste por lá o meu amor?**

         ** VOLTAS **

Posto o pensamento nele,**
porque a tudo o Amor a obriga,**~
cantava, mas a cantiga
eram suspiros por ele.**~
Nisto estava a Leonor
o seu desejo enganando,**
ás amigas perguntando:**
viste por lá o meu amor?**

O rosto sobre uma mão,
os olhos no chão pregados,
que de chorar já cansados,
algum descanso lhe dão.**
Desta sorte Leonor
suspende de quando em quando,
sua dor; e, em si tornando,
mais pesada sente sua dor.

Não  deita dos olhos água,
que não quer que a dor se abrande,
Amor, porque em mágoa grande,
seca as lágrimas a mágoa.**
Depois que de seu amor,
soube, novas perguntando,
d´improviso a vi chorando,
Olhai que extremos de dor!**

  ** LUIS de CAMÔES **

TEXTOS LITERÁRIOS ***** DE LUIS DE CAMÔES ******

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Alma minha gentil, que partiste tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.****
Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente,***
não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste.***
E se vires que pode merecer-te, alguma cousa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio,
de perder-te, roga a Deus, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou. ***

** A VIDA de FLORBELA ESPANCA **

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É vão o amor, o ódio, ou o desdém;**
Inútil o desejo e o sentimento...**
Lançar um grande amor aos pés de alguém**
O mesmo é que lançar flores ao vento!**

Todos somos no mundo « Pedro Sem »,
Uma alegria é feita dum tormento,**
Um riso é sempre o eco dum lamento,**
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...**
Uma saudade morta em nós renasce**
Que no mesmo momento é já perdida...**

Amar-te a vida inteira eu não podia,**
A gente esquece sempre o bem de um dia,**
Que queres, meu amor, se é isto a vida!...

domingo, 12 de maio de 2013

Dez Reis de Esperança *****++

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Se não fosse esta certesa***
que nem sei de onde vem,**
não comia nem bebia,
nem falava com ninguém,
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que ouve-se,
punha os joelhos á boca
e viesse quem viesse.**
Não fossem os olhos grandes,
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonhava no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram e não perceberam,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
...se não fosse a fome e a sede

dessa humanidade exangue
roía as unhas e os dedos,
até os fazer em sangue.

 ** ANTÒNO   GEDEÃO **


,

sexta-feira, 3 de maio de 2013

**** AMOR ****

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A jovem deusa passa**
Com véus discretos sobre a virgindade;**
Olha e não olha, como a mocidade,**
E um jovem deus pressente aquela graça **.

Depois a vide do desejo laça **
Numa só volta a dupla divindade;**
E os jovens deusas abrem-se à verdade,
Sedentos de beber na mesma taça.**

É um vinho amargo que lhes cresta a boca;**
Um condão vago que os desperta e toca **
De humana e dolorosa consciência.**

E abraçam-se de novo, já sem asas.**
Homens apenas. Vivos como brasas,**
A queimar o resto da inocência.**

     " MIGUEL  TORGA "

terça-feira, 19 de março de 2013

** SONHEI com ÀFRICA **

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   DE vez em quando sonho...Na África que vivi, vem as saudades... Lembranças enesquecíveis, que irão perpétuar por toda a minha vida...A que resta... aquela que Deus ordenar:
 À tempos li um livro...que me deixou nostálgica e saudosa...Daqueles tempos, em que tudo era diferente... " SONHEI com ÀFRICA "...é este seu nome do livro que li, tenho lido muitos passados em África,  sempre que os encontro , certo que é comprado para meu deleite lendo-os relembrar pasagens, como as minhas...Vou deixar aqui um pequeno trexo do um capítulo ; 15
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Poucas coisas me dão uma sensação tão perfeita de realização pessoal como construir a partir do nada, com os materiais naturais que estivessem disponíveis, um espaço para viver, em harmonia com com a paisagem africana intacta. Este deve ser um trabalho de amor e compreensão, e de humildade,
por impormos a nossa presença ao silêncio e dignidade da Natureza. Esse factor inquantifícável e
fugidio que é a beleza da terra, e o nosso dever de a respeitar, é o princípio estético e espiritual
dominante no meu espírito sempre que crio alguma coia.***

domingo, 10 de março de 2013

Diário duma Mulher** Isabel Goveia **

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 Meu rosto já tem vincos de cansaço,**
Murcharam como as rosas minhas faces.**
Já não posso estreitar-te num abraço,**
sem temer meu Amor, que não me abraçes! **

O luar nos meus olhos fez-se baço.**
Meus lábios, se algum dia tu beijasses!...**
Meu passado, porém, morreu no espaço,**
Qual nuvem, que em chuvisco transformasses !**

O futuro não tem de que viver.**
O amor --- raizes mortas que não nascem ---,**
os sonhos, estão como se embarcassem.**

num cruzeiro de calma, sem saber**
que o é ... Mas essa calma hoje é sinónimo **
de um sentimento mesterioso, anónimo...**

segunda-feira, 4 de março de 2013

O orgulho e a Vaidade** Fernando Pessoa **

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  O orgulho é a consciência ( certo ou errado ) do nosso próprio mérito, a vaidade, a consciência
( certo ou errado ) da evidência do nosso próprio mérito para os outros.
Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso,
pode ser --- pois tal é a natureza humana--- vaidoso sem ser orgulhoso. È díficil á primeira vista
compreender como podemos têr consciência da evidência do nosso mérito. Se a natureza humana fosse racional, não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida exerior, e mais tarde uma interior; a noção do efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. È a vaidade em acção.
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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

** Fernando Pessoa **


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 Sorriso audível das folhas***
Não és mais que brisa ali ***
Se eu te olho e tu me olhas,***
Quem primeiro é que sorri? ***
O primeiro a sorrir ri. ***

Ri e o olhar de repemte ***
Para fins de não olhar ***
Para onde nas folhas sente ***
O som do vento passar ***
Tudo é vento e desfarçar ***

Mas o olhar, de estar olhando ***
Onde não olha, voltou ***
E estamos os dois olhando ***
O que se não conversou ***
Isto acaba ou começou ?

27 / 11 / 1930 de Fernando Pessoa.



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

** FATERNIDADE** Miguel Torga **


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  Não me doi nada meu particular. /
Peno cilícias da comunidade./
Àgua dum rio doce, entrei no mar. /
E salguei-me no sal da imensidade. /

Dei sossego ás ondas /
Da mulidão. /
E agora tenho chagas /
No coração /
E uma angustia secreta. /

Mas não podia, lírico poeta, /
Ficar de avena, a exercitar o ouvido /
Longe do mundo e longe do ruído.

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POEMA**++««

Lê, são estes os nomes das coisas que deixaste-- eu, livros, o teu perfume espalhado pelo quarto;  sonhos pela metade e dor em dobro, beijos por todo o corpo como cortes profundos /
que nunca vão sarar, e livros, saudade, a chave de uma casa que nunca foi nossa, um ropão de
flanela azul que tenho vestido enquanto faço esta lista:

livros, risos que não consegui arrumar, e raiva----um vaso de orquídias que amavas tanto sem eu saber porquê e que talvez por isso não voltei a regar, e livros, a cama desfeita por tantos dias;

uma carta sobre a tua almofada e tanto desgosto, tanta solidão; e numa gaveta dois bilhetes para
um filme de amor que não viste comigo, e mais livros,  e também uma camisa desboada com que durmo de noite para estar mais perto de ti; e, por todo lado, livros, tantos livros, tantas palavras que
nunca me disseste antes da carta que escreveste nessa manhã, e eu, eu que ainda acredito que
vais voltar, que voltas, mesmo que seja só pelos teus livros.

    *** Maria do Rosario Pereira ***
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Se Me Deixares Eu Digo****António Boto****

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Se me deixares, eu digo**
O contrário a toda a gente;**
E, n´este mundo de enganos,**
Fala verdade quem mente. **

Tu dizes que a minha boca,**
Já não acorda desejos, **
Já não aqueco outra boca, **
Já não merece os teus beijos: **

Mas, tem cuidado comigo, **
Não procures ser ausente; **
--Se me deixares, eu digo
O contrário a toda a gente**

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

""" Volúpia """de Florbela Espanca****

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   No divino impudor da mocidade~~
  Nesse êxtase pagão que vence a sorte~~
 Num frémito vibrante de ansiedade~~
  Dou-te o meu corpo prometido á morte !~~
 
 A sombra entre a mentira e a verdade...
A nuvem que arrastou o vento norte...
--Meu corpo! Trago nele um vinho forte:~~
Meus beijos de volúpia e de maldade !

Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,~~
Cravados no teu peito como lanças!~~

E do meu corpo os leves arabescos~~
Vão-te envolvendo em círculos dantescos~~
Felinamente, em voluptuosas danças...

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

*** O que estou lendo ***

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 _ Viver sem ser amado é como cortar as asas de um pássaro e retirar-lhe a capacidade de voar.
Não é algo que eu queira para ti.
    O problema era esse. Naquele momento, Mário não se sentia particularmente amado.
--Mário, a dor tem a capacidade de cortar as nossas asas, impedindo-nos de voar -- disse ela e esperou
 um momento, permitindo que as suas palavras assentassem.-- E, se essa situação persistir por muito
 tempo sem resolução, quase pode esquecer que foste criado para voar.
   Mário ficou calado. Estranhamente, o silêncio não era assim tão desconfurtável. Olhou para o pássaro, que lhe retribuiu o olhar. Pensou se seria possivel os pássaros sorrirem.

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Achei interessante esta passagem do livro, a comparação do amor ao voo de um pássaro, porque um não vive sem amor, e outro sem voar...
 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

***LIBERDADE***

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~~LIBERDADE~~ar
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Rio que corres para o mar,
Nesse burburinho que entoa
No silêncio da minha saudade.
Ès melodia, que me envolve
Em afago, nesta solidão.

Leva minhas amarras,
Devolve-me a liberdade.

Corres indiferente a tudo...
Não te apercebes de nada,
Nem do bem nem do mal,
Tampouco da minha melancolia.

Tens como missão
Levar ao mar a tua água...
As minhas lágrimas
De ansiedade.

Vai, rio, vai...
Nesse teu suave deslizar
Leva a minha tristeza...
A minha solidão...
Traz-me a liberdade.
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**José Carlos Moutinho**

  

domingo, 27 de janeiro de 2013

**Eugénio de Andrade**

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 O Silêncio***
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Quando a ternura / Parece já do ofício fatigada / E o sono, a mais incero barca / inda demora /
Quando azuis irropem / os teus olhos / e procuram / nos meus navegação segura /
È que eu te falo das palavras / desamparadas e desertas /
Pelo silêncio fascinadas.

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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

De Joaquim Pessoa**

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** Houve uma ilha em ti **
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Houve uma ilha em ti que eu conquistei.
Uma ilha num mar de solidão.
Tinha um nome a ilha onde morei.
Chamava-se essa ilha Coração.

Que saudades do tempo em que passei.
Nenhum desses momentos foi em vão.
Do teu corpo, de ti, já nada sei.
Também não sei da ilha, não sei, não.

Só sei de mim, coberto de raízes.
Enterrei os momentos mais felizes.
Vivo agora na sombra a recordar.

A ilha que eu amei já não existe.
Agora amo o céu quando estou triste
Por não saber do coração do mar.

domingo, 13 de janeiro de 2013

** Deambulando **

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Viajei por vales de tranquilidade,
Galguei montanhas de ansiedade,
Atravessei rios de angústias,
Cruzei mares de ilusão.
Fui iluminado pela lua,
Em noites de frustação.
E, aquecido pelo sol da paixão
Quis abraçar as estrelas,
Mas o infinito era longe,
Voei... caí... sofri,
Não atingi sequer os astros,
Quedei-me desiludido...
Neste planeta...
Terra de tantos contrastes
Raras belezas,
Ah, a tal... onde estará ?
Um dia ainda a encontrarei.
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" José Carlos Moutinho "