quinta-feira, 25 de julho de 2013

Poema de " Mia Couto " Amor, Meu amor "

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Nosso amor é impuro,,
como impura é a luz e a água,,
e vive além do tempo.

Minhas pernas são água,,
as tuas são luz,,
e dão a volta ao universo,,
quando se enlaçam,,
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar,,
depois de te abraçar para não sofrer.

E toco-te,,
para deixar de ter corpo,,
e o meu corpo nasce,,
quando se estingue o teu,,

E respiro em ti,,
para me sufocar,,
e espreito em tua claridade,,
para me cegar,,
meu sol vertido em lua,,
minha noite alvorecida.

Tu me bebes,,
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,,
meus dentes beijam,,
minha pele te veste,,
e ficas ainda mais despida.

Pudesse eu ser tu,,
E em tua saudade ser minha própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito,,
Quando apenas queria dormir em ti.

E levito, voo de semente,,
para em mim mesmo te plantar,,
menos que flor: simples perfume,,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.

Teus olhos inundando os meus,,
e a minha vida, já sem leito,,
vai galgando margens ,,
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

****** Poema de Miguel Torga *****

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Que renda fez a tarde no jardim,
Que há cerdos que parecem de enxoval?
Como é difícil ver o natura !
Quando a hora não quer !
Ah ! não digas que não ao que os teus olhos,
Colham nos dias de irrealidade,
Tudo então é verdade,
Toda a rama aparece,
Num tecido que tece,
A eternidade. !

quinta-feira, 11 de julho de 2013

***** O BEIJO ****



Devo ter ligado logo a seguir.-- Presumiu que ele fizera a chamada para se despedir, mas porque razão se encontrava ali? -- Tenho consciência de que fiz aquilo que achei correto-- proferiu Mário desviando a cadeira para o lado. As pessoas moviam-se á volta deles, mas não davam pela sua presença. Ficaram de olhos colados um no outro.                                  Isabel estava pálida, como se não dormisse há várias dias.----Mereces melhor do que isto.
 
--Sei que é isso que pensas -- respondeu Isabel, sentindo um aperto no coração. quantas vezes tinha que dizer a mesma coisa ?-- Não há mais nada a fazer, pelo menos para mim.
Já perdi o Tó. Perdi-te a ti. Nada mais tenho a perder, a não ser a Sofia.
Acho que não devias fugir do amor. É um bem demasiado raro e precioso. Mas é o que estás a fazer -- ( ele é que iria dizer o que queria fazer).
---Quero algo melhor para ti. Quero que tenhas uma vida a sério com um tipo que possa andar a correr atrás de ti pelo quarto e que possa dançar na passagem do ano.
---Quero muito mais do que isso. Quero alguém que ame e que me ame, e que possa rir o resto da vida.--- Sem dizer palavra, Mário puxou-a para seu colo e, envolvendo-a nos braços, beijo-a na boca com ardor.

 



****Fernando Pessoa ****


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Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que
a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos
de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
E atravessar desertos fora de si, mas capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
E agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não! É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho guardo todas, um dia vou construir um castelo!

domingo, 7 de julho de 2013

**** Florbela Espanca**** Se tu viesses ver-me****

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Se tu viesses ver-me hoje á tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avezinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembro: esse sabor que tinha,
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo,
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

**De Almeida Garrett**** A DÈLIA***

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Cuidas tu que a rosa chora,
Que é tamanha a sua dor,
Quando já passava a aurora,
O sol, ardente de amor,
Com seus beijos a devora?
--Feche vestígio pudor
O que ainda é botão agora
E amanhã há-de ser flor;
Mas ela é rosa nesta hora,
Rosa no aroma e na cor.

Para amanhã o prazer
Deixe o que amanhã viver
Hoje, Délia, é a nossa vida?
Amanhã... o que Há-de ser?
A hora de amor perdida
Quem sabe se  há-de   volver?
Não desperdices querida,
A duvidar e a sofrer
Quando o não gasta o prazer.